Eu já quis ser um poeta. Tentei, tentei. Nunca saiu muita coisa. Eram versos do tipo: "Ó Minas Gerais que não tem mar / Ó Minas Gerais que tem bar". Ou: "Sem seu amor, menina, eu me acabo / Sempre que você passa eu digo: 'Que rabo!'". Acho que me faltou inspiração. Poetas ou poetisas que me fizessem acreditar no meu potencial. Graças a Deus, Deus criou a Cláudia Leite (???). A baiana resolveu escrever poemas agora. Uau! Além de de ser bonita, cantar (???²) e dançar ela agora faz poemas!!! Leia abaixo seu primeiro poema divulgado.
NON OMNE QUOD LICET HONESTUM EST
Gosto de criancas. Tem aquelas mais espertas, as quietas. Ateh as mais sapecas sempre dao paz.
Criancas sem dentes, Criancas que riem, Criancas na praia, Criancas nao sao iguais.
Seus sorrisos sao verdadeiros Em suas mentiras nao ha desespero Sao soh fantasias, Ou medo dos pais
Uma crianca eh como uma estrela Estamos no ceu se podemos te-la Olhamos para o ceu se queremos ve-la.
E lhe ensinamos: A soltar pipas, Fazer rimas, Ou um barco, se nao gostar de rimar.
“Vah a escola, Coma sua merenda, Sonhe! Aprenda!
Porque quem sonha alimenta o futuro, Pode ateh temer o escuro, Mas sabe que tudo pode superar.”
Crianca brinca o dia inteiro. “Volte pra casa, menino, entre logo no chuveiro Depois vah se alimentar…”
“Se nao comer, nao brinca, Se nao estudar, nao vai ao aniversario da Julia. Se voce errou, nao minta. O que voce fez assuma.”
A educacao, o cuidado. O amor, o preparo. Privilegios para poucos, Anseios dos “loucos”?
Pipa, Papel. Hein? Barco. “Nao, Senhor, eu fugi de trem.”
Escola? “Ah! Merenda.” Se comer, apanha! Quer viver, aprenda! Aprenda logo a roubar.”
Quantos anos voce tem? “Aqui eh terra de ninguem, Nao tem aniversario, Mas eu pratico o conto do vigario, quer que eu te ensine tambem?”
Nao ha respeito. Nao ha lei. Todo dia uma crianca morre, Ninguem diz: “eu matei”.
Pedofilos, Parasitas, Patifes e ateh um bando de Politicos. Baratas, Barbeiros e outros mosquitos.
Uns repousam sobre as feridas e as remelas, outros trazem febre, que nao importa se eh amarela, fazem a crianca colorida, acinzentar.
Barrigas grandes de vermes, Braços pequenos carregando armas. O menino que nao sabe se defender, Aprende que tem que matar para nao morrer.
Silencio de um povo que segue Porque o seu umbigo eh a piscina onde se nada. Nada. None! Todo dia uma criança some. Nada! E mais Nada! Todo dia tem uma violentada!
Ninguem faz absolutamente nada! Ninguém eh suficientemente homem. A gente se senta e come Enquanto a criança eh enterrada!
Umas são espancadas, Outras caem de um arranha-ceu Uma família eh indiciada, A outra experimenta do mais amargo e puro fel.
Minta, chore, mas corra. “Ei, menina, não conte a ninguém, Ao que eu disser, diga: amem Essa eh a lei, ou então morra.”
E o silencio sempre reverbera. Nesse mundo onde a beleza impera, Nao tem espaco para a crianca sonhar.
E a gente que nao eh crianca, Nem pensar em cochilar! Pedir a Deus pra nao nos deixar sentir a dor da mae de Isabella, Acreditar na historia da Cinderela E continuar a caminhar. Se “nem tudo que eh licito eh honesto”, Apenas a confianca no PAI nos ajuda com o resto.
Bravo! Excelente! Palmas! Estou em prantos. Conseguiu sentir a intensidade das palavras? "Pipa, Papel. / Hein? / Barco / Nao, Senhor, eu fugi de trem." Demais! Aguardem pelo meu livro de poesias. De preferência em parceria com a Cláudia Leite.
Me desculpe ter feito você perder um precioso minutoMarcadores: Famosos, Inútil, Lingua portuguesa
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